Perdido em Israel - Trecho 13

O Shabat, de que lhes falava, é (ou era) um dia tão sagrado para os judeus, que a maioria deles sequer cozinha ou costura nas vinte e quatro horas entre o pôr do sol da sexta feira e o do sábado.

Não há ônibus nas ruas de Israel, as lojas ficam fechadas (exceto às de muçulmanos e cristãos cujos dias de descanso são, respectivamente, as sextas e os domingos).
Não se trabalha sequer nos kibutzim. Serviços essenciais eram executados por árabes ou cristãos contratados.
Alguém me pergunta como é que os moradores do kibutz comiam aos sábados. Questão curiosa e pertinente. Suponho que muitos deles, nem um pouco religiosos, cozinhavam suas próprias refeições com itens adquiridos no empório local. Ou talvez houvesse algum tipo de esforço extra antes do shabat, para garantir alguns tipos de alimento no refeitório.
A primeira hipótese, hoje, me parece mais provável. Naqueles tempos, as crianças pequenas viviam numa espécie de internato com cuidados profissionais dentro da própria instituição. Estavam sempre juntas e recebiam apenas visitas esparsas de seus pais.
No shabat, porém, os pais podiam dedicar o dia aos filhos e, com toda a certeza cozinhavam para eles, faziam piqueniques e exerciam o direito de viver como famílias normais.
Sei, por ter lido, que essa realidade mudou com o passar dos tempos. Os kibutzim não têm mais internatos e filhos vivem com os pais. Vê-se, aí, uma evolução menos bolchvique mas muito mais humana.
De minha parte, pouco lembro sobre a rotina do sábado na comunidade. Eram naqueles dias que caminhões enviados pelo Exército ou por alguma organização sionista chegavam cedo para nos levar a conhecer o país, com as intenções sionistas de sempre.
O motorista e um guia iam na boleia. Nós, visitantes, éramos acomodados em bancos laterais numa caçamba escura, sempre vigiada por dois soldados armados que viajavam conosco na parte de trás do veículo, atentos a qualquer movimento nas estradas e ruas que percorríamos.
Assim fomos à Haifa, Tel-Aviv, Jerusalém, ao Mar Morto e outras atrações, como a cidade turística de Eilat, de frente para o Mar Vermelho.

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