Perdido em Israel - Trecho 4

O grupo que foi comigo para aquela nação nova, uma espécie de cisto entre árabes e outros povos que comungam de nossa mesma etnia (quase todos semitas, segundo consta), chamava a atenção pela heterogeneidade. Éramos baixos e altos, morenos, loiros ou ruivos, alguns tinham narizes aduncos, outros não. Muitos hirsutos e outros tantos glabros. Como explicar tantos traços genéticos distintos entre seres da mesma espécie, que, tradicionalmente, viveram isolados dos demais?

Não é fato indesmentível que judeus só viviam com judeus, e que tampouco faziam proselitismo de sua fé e quase nunca aceitavam convertidos em suas hostes?
Então por quê?
Eu mesmo sou branco, alto e sempre tive o que por aqui chamam “cara de alemão”, como definiam os colegas de escola. Meu nariz não lembra o dos semitas e, se comparado aos sabras (os judeus já nascidos em Israel), morenos, baixos e devolvidos à cor de pele do deserto, devo lembrar um extraterrestre.
Não foi preciso ir muito longe para concluir que, claro, algum de meus antepassados foi um cruel caçador de judeus, parte de algum grupo que invadiu comunidades, matou gente, saqueou o que houvesse e, claro, estuprou moças e senhoras judias.
Saciados, esses seres abjetos sempre acabavam indo embora, para voltar quando lhes aprouvesse. Como o judaísmo sequer cogita o aborto, milhares de mulheres estupradas deram sequência à gestação e tiveram filhos.
É preciso saber, também, que são as mulheres que transmitem a religião a seus filhos, crianças portanto judias; jamais os seus maridos ou violadores.
Eis a resposta dolorida: sou, com boa probabilidade, descendente de algum russo, polaco, alemão ou cossaco. Portanto um judeu que tem, em sua estrutura genética, o sangue de um antissemita. Quase todos somos assim: os ruivos, os prognatas, os que têm as costas peludas ou aqueles que não produzem uma única lanugem, os gigantes, os anões, os possuidores de deficiências graves ou de talentos geniais.

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