Perdido em Israel - Trecho 11
Descobri, naquele mesmo dia, que era minha obrigação fazer o mesmo tipo de trabalho no desjejum, no almoço e no jantar, totalizando cerca de oito ou nove horas diárias de expediente.
Justo.
Aos poucos fui me acostumando aos rostos e atitudes dos homens e mulheres que levavam adiante a tarefa de tornar viável (e lucrativo para o país) o tal kibutz, um dos muitos em que se baseava a economia do país daqueles tempos e que ainda existem, cerca de 230 deles, muitos dos quais transformados em prósperas indústrias.
Entendi que era verdade tudo o que me disseram antes de sair do Brasil. Meus “fregueses” eram de colossal diversidade. Médicos, químicos e escritores que erguiam cercas de arame e muros de tijolo lado a lado com gente simples sem formação alguma, sobreviventes da 2ª Guerra com os olhos ainda tristes, soldados (muitos deles) e jovens visitantes como eu mesmo.
Confesso, outra vez, que não tive maturidade para perceber o heroísmo e a entrega daquela gente. Israel continuava a ser, para mim, endereço de trabalhos forçados; bem que eu poderia estar veraneando, como sempre, no apartamento que meus avós possuíam no Guarujá ou flanando, sem destino, pelas ruas do Brooklin Novo, em São Paulo, onde vivia, com uma bola “de capotão” embaixo dos braços.
Não foi difícil perceber que o turno da noite era mais longo. Naquelas horas, os grupos reuniam-se em torno das mesas do refeitório e, via-de-regra, (novamente o espanhol me ajudando) ficavam debatendo o inseguro destino daqueles territórios.
Era, também nesse último turno que os alto-falantes anunciavam as prioridades e alterações no funcionamento do kibutz para o dia seguinte. Coisas simples como anúncio de que o responsável pelos currais seria substituído por outra pessoa, porque fora chamado pelo Exército para alguma prioridade militar.
Mais empolgantes (e muitas vezes tristes) eram as informações da guerra que oficialmente estava paralisada, mas seguia abalada por atentados e escaramuças de parte a parte. Nesses momentos solenes, que vinham precedidos por acordes conhecidos de todos, anunciava-se, entre urros de alegria, que Israel havia destruído um radar inimigo ou conquistado posição estratégica.
Próximo - trecho 12
Justo.
Aos poucos fui me acostumando aos rostos e atitudes dos homens e mulheres que levavam adiante a tarefa de tornar viável (e lucrativo para o país) o tal kibutz, um dos muitos em que se baseava a economia do país daqueles tempos e que ainda existem, cerca de 230 deles, muitos dos quais transformados em prósperas indústrias.
Entendi que era verdade tudo o que me disseram antes de sair do Brasil. Meus “fregueses” eram de colossal diversidade. Médicos, químicos e escritores que erguiam cercas de arame e muros de tijolo lado a lado com gente simples sem formação alguma, sobreviventes da 2ª Guerra com os olhos ainda tristes, soldados (muitos deles) e jovens visitantes como eu mesmo.
Confesso, outra vez, que não tive maturidade para perceber o heroísmo e a entrega daquela gente. Israel continuava a ser, para mim, endereço de trabalhos forçados; bem que eu poderia estar veraneando, como sempre, no apartamento que meus avós possuíam no Guarujá ou flanando, sem destino, pelas ruas do Brooklin Novo, em São Paulo, onde vivia, com uma bola “de capotão” embaixo dos braços.
Não foi difícil perceber que o turno da noite era mais longo. Naquelas horas, os grupos reuniam-se em torno das mesas do refeitório e, via-de-regra, (novamente o espanhol me ajudando) ficavam debatendo o inseguro destino daqueles territórios.
Era, também nesse último turno que os alto-falantes anunciavam as prioridades e alterações no funcionamento do kibutz para o dia seguinte. Coisas simples como anúncio de que o responsável pelos currais seria substituído por outra pessoa, porque fora chamado pelo Exército para alguma prioridade militar.
Mais empolgantes (e muitas vezes tristes) eram as informações da guerra que oficialmente estava paralisada, mas seguia abalada por atentados e escaramuças de parte a parte. Nesses momentos solenes, que vinham precedidos por acordes conhecidos de todos, anunciava-se, entre urros de alegria, que Israel havia destruído um radar inimigo ou conquistado posição estratégica.
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