Perdido em Israel - Trecho 1
Beijos no chão do aeroporto.
Duas lembranças de meu desembarque em Israel, o primeiro e único, em 1969. Éramos cerca de setenta brasileiros enviados por seus pais num tempo em que praticar o sionismo não tinha os estigmas de hoje. O Brasil padecia de uma ditadura cruel e uma das opção oferecidas a descendentes de judeus era tentar começar vida nova no país para o qual estavam eternamente convidados, lugar árido e hostil, mas uma alternativa.
De minha parte fui pela farra. A viagem, subsidiada por entidades que desejavam povoar a recém-nascida nação, incluía quinze dias de turismo pela Europa e sessenta de trabalho em algum kibutz, a alma socialista e igualitária adotada para a recolonização. Do turismo eu gostei. Confesso que, do trabalho repleto de normas dessas agro experiências idealistas, nem tanto.
Voltando às lembranças, com destaque para a primeira. Estarrecido vi pelo menos dez participantes do grupo ajoelhando-se sobre o concreto do aeroporto de Lod para beijar o solo oleoso da dita terra prometida. Décadas depois, o Papa João Paulo II faria o mesmo em cada aeroporto que pisasse, gesto de humildade um tanto mercadológico, mas isento de intenções migratórias.
Aquilo, não: era apenas adoração pura e simples por uma falsa pátria, que, talvez, viesse a se tornar a verdadeira. Não sei o que é feito daquela gente hoje em dia. Acredito que muitos fizeram o que se chama aliá – o chamado ato de retornar a um suposto país, do qual foram descartados há milhares de anos.
Alguns ícones de Israel, a então presidente Golda Meir e o eterno fundador da nação, David Ben Gurion (ainda vivo naqueles dias) eram espécies de imãs carismáticos com o condão de atrair judeus do mundo todo. – exceto os que ainda não dispunham de liberdades elementares nos lugares que habitavam.
Outros, quiçá, não tenham se adaptado à disciplina exigida dos que querem resgatar um sonho ou à hostilidade evidente dos habitantes locais, ditos “sabras”, gente sempre alerta em relação a guerras.
Próximo - trecho 2
De minha parte fui pela farra. A viagem, subsidiada por entidades que desejavam povoar a recém-nascida nação, incluía quinze dias de turismo pela Europa e sessenta de trabalho em algum kibutz, a alma socialista e igualitária adotada para a recolonização. Do turismo eu gostei. Confesso que, do trabalho repleto de normas dessas agro experiências idealistas, nem tanto.
Voltando às lembranças, com destaque para a primeira. Estarrecido vi pelo menos dez participantes do grupo ajoelhando-se sobre o concreto do aeroporto de Lod para beijar o solo oleoso da dita terra prometida. Décadas depois, o Papa João Paulo II faria o mesmo em cada aeroporto que pisasse, gesto de humildade um tanto mercadológico, mas isento de intenções migratórias.
Aquilo, não: era apenas adoração pura e simples por uma falsa pátria, que, talvez, viesse a se tornar a verdadeira. Não sei o que é feito daquela gente hoje em dia. Acredito que muitos fizeram o que se chama aliá – o chamado ato de retornar a um suposto país, do qual foram descartados há milhares de anos.
Alguns ícones de Israel, a então presidente Golda Meir e o eterno fundador da nação, David Ben Gurion (ainda vivo naqueles dias) eram espécies de imãs carismáticos com o condão de atrair judeus do mundo todo. – exceto os que ainda não dispunham de liberdades elementares nos lugares que habitavam.
Outros, quiçá, não tenham se adaptado à disciplina exigida dos que querem resgatar um sonho ou à hostilidade evidente dos habitantes locais, ditos “sabras”, gente sempre alerta em relação a guerras.
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