Perdido em Israel - Trecho 3
Porto Rico, Palestina ou Madagascar?
Sei bem o que é genocídio. Sou um escapado daquele horror. Perdi grande parte de minha família em campos de extermínio. Hoje vejo, entristecido, que essa palavra já não tem significado. Qualquer cidadão a utiliza irresponsavelmente e, não entendo por que razão, gosta de proferi-la contra os próprios judeus, numa evidência de que o antissemitismo segue vivo e forte. É evidente falta de conhecimento sobre questão tão antiga e repetida.
Terá sido por isso que vi tantos jovens beijando aquele chão duro e sujo?
Seguidores do pentateuco (que é o velho testamento da Bíblia), eles ficaram extasiados com aquele momento de um reencontro com histórias ou lendas milenares
. Não sei se beijariam, também, o solo de Madagascar ou de Porto Rico, entre outros territórios cogitados para abrigar a sonhada pátria dos Hebreus remanescentes - locais isolados que eles mesmos poderiam governar, ser governados – e, pela primeira vez durante séculos de assédio, criar sua própria armada e aprender rudimentos de defesa.
As bíblicas terras de Judéia e Samaria também conhecidas, mais tarde, como Palestina – escolhidas pelas Nações Unidas - eram, a pior escolha, garantia de uma belicosidade intermitente para o resto dos tempos.
A muitos incomoda o fato de que os judeus, espalhados por terra alheia na Europa e no Levante, tenham vivido isolados em comunidades fechadas, guetos e vilas semoventes que mudavam para o outro lado da fronteira conforme a fase de virulência antissemita de cada país. Pois não é difícil concluir que cada uma dessas comunidades ansiasse com uma Israel improvável e por ela rezasse. Sem armas, contudo, estavam sempre à mercê das maiorias hostis que promoviam pogroms, saques e matanças quase sempre ignorados ou, mesmo, apoiados pelos governos investidos na ocasião.
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